Felipe Cotrim
Felipe Cotrim
Arquiteto e Urbanista graduado pela Universidade Salvador, na capital baiana em 2008. Mestre em teoria e prática do projeto de arquitetura pela Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB) - Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), cursado na cidade de Barcelona entre os anos de 2013 e 2015. Pós Graduação em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas entre 2018 e 2020.
Atualmente com a empresa de projetos, Cotrim Ateliê de Arquitetura, iniciada ainda no período de formação em Barcelona, tem foco na produção de projetos personificados, executados de maneira artesanal. Também atua como professor, com enfoque na prática de arquitetura contemporânea.
A atividade em artes plásticas acontece em paralelo às atividades arquitetônicas e acadêmicas. A produção de pinturas se intensificou depois da temporada internacional, influenciadas principalmente pelo desenho livre, e pelo mundo da arte de rua, que pode vivenciar após participar de um coletivo de arte urbana, composto por um grupo de artistas latino-americanos (Souvenir) atuantes naquele período.
Por
Fernanda Leal
Nascido em Caetité, Felipe Cotrim é um homem de fala mansa. A forma cadenciada de conversar não nega sua origem baiana. As pausas, entre uma palavra e outra, tão presentes em sua fala, indicam a contemplação de um pensamento que parece tentar encontrar o lugar mais acertado, mais adequado, mais confortável dentro da frase, do dito, justamente no espaço onde as palavras faltam. Falar parece exigir um certo esforço de Felipe que está sempre no “ímpeto de explorar”, com seu corpo, com seus sentidos, os espaços nos quais transita.
Nessa busca encontrou a arquitetura e as artes plásticas como palco de atuação de uma alma convencida de que as diferentes disciplinas se apoiam e se complementam, não como uma continuidade fluida e linear, mas como uma conjugação do diverso e conflitante, tão presente em cada um de nós.
Felipe dispensa as fronteiras, prefere acreditar na relação estreita entre interior e exterior, valorizando a comunicação entre os espaços, e destes com a natureza e os seres humanos e não humanos que os circundam. O terreno que alimenta seus propósitos artísticos é o mundo imaginário, tão manifesto em suas pinturas e ilustrações, caracterizadas, sobretudo, pela expressividade dos traços e das cores exploradas.
Chama-nos a atenção, especialmente, os olhos. É do olhar, que advém a comunicação sensível de sua obra. Além disso, o uso de cores vibrantes contrasta fortemente com as expressões dos retratos que muitas vezes revelam um interior fragmentado. Essa descontinuidade pode ser percebida tanto nas obras que figuram humanos, como nas obras que retratam animais.
Felipe conta com um acervo de mais de 50 obras, que seguem uma das características marcantes do artista, a espontaneidade. São pinturas elaboradas ao longo dos anos sem uma pretensão específica, fruto de um interior em constante movimento, que transborda para a tela, atingindo seu máximo de expressividade.
Artista que trabalha incansavelmente em favor do imaginário que extrapola a materialidade do visível. Nas obras, se faz evidente a ausência de fronteiras não apenas entre o dentro e o fora, interno e externo, sentido e cores, mas também na não distinção ou superioridade entre animais e humanos. Há uma espécie de continuidade da descontinuação, ou uma completude pela via do incompleto.
Sua circulação na arte e na arquitetura, lhe permitiu incorporar a ocupação e a experimentação dos espaços, que lhe são tão caros, a partir de uma perspectiva que ultrapassa os limites da espacialidade física, de forma a conjugar em suas obras os sentidos e os conteúdos de outra região, a do inconsciente.
Talvez por isso, Felipe se considere um outsider, por transitar de forma muito particular nesses campos – artes plásticas e arquitetura –, desconsiderando seus limites na busca pela integração dos dois saberes, que, para ele, se inserem no campo das artes, e são verdadeiros sinônimos de vida.
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